domingo, 26 de agosto de 2007

Vontade de Poesia!


Da vez primeira em que me assassinaram, Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Depois, a cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha. Hoje, dos meu cadáveres eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada. Arde um toco de Vela amarelada, Como único bem que me ficou. Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada! Pois dessa mão avaramente adunca Não haverão de arracar a luz sagrada! Aves da noite! Asas do horror! Voejai! Que a luz trêmula e triste como um ai, A luz de um morto não se apaga nunca!

A Rua Dos Cataventos - Mário Quintana
Arte: Vladimir Kush.



Um comentário:

Mariana P. disse...

ele está sempre entre os meus preferidos. tão verdadeiro, tão realista, tão sóbrio...