sexta-feira, 6 de junho de 2008

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Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.

Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.

Nem Fausto nem Mefisto,
à deusa que se ri
deste nosso oaristo,

eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.

- Sonetilho do Falso Fernando Pessoa

Carlos Drummond de Andrade
In Claro Enigma, 1951.

Figura: Pessoa por Almada Negreiros

Um comentário:

Manuela d`Eça Neves disse...

Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.

:)