sábado, 3 de maio de 2008

A Bailarina.








Achei tudo ótimo (a arte e o texto), então tá aí.
E também tá aqui: http://www.monicapiloni.com

A pequena bailarina de quatorze anos”, através de uma vitrine entre os reflexos do vidro. É evidente e inevitável que essa barreira física fria, projetada para não ser vista, seja absorvida pelo sistema nervoso. Cria-se uma distância colocada entre o observador e aquilo que foi feito.
Nesse trabalho o ícone absurdamente feminino da bailarina idealizada foi esquartejado, membro a membro, e cada parte presa em mini-vitrines. Essas vitrines formam caixas transparentes que possibilitam seu empilhamento e dão ordem e sentido à anatomia em pedaços. São suportes eficientes de sutentação, suficientemente visíveis para criar sutis rupturas verticais e horizontais entre finas molduras que envolvem, protegem e distanciam, elevando seu conteúdo de músculos tencionados ao estado de intocável.
A imagem tradicional da bailarina carrega um caráter dramático e emotivo apesar de incansavelmente explorado e consumido, que a torna um ser quase irreal em um ideal de imaterialidade. Nesta escultura ela foi representada em tamanho natural com um tratamento realista. O desmembramento anatômico acentua a carga dramática. Poderiam estar espalhados e sem vida sobre o chão, mas recebem uma falsa alma de estrutura artificial.

Bailarina /2007.
resina, cabelo, próteses oculares
pintura, tecido, acrílico.

4 comentários:

Mariana P. disse...

"só a bailarina que não tem..."
lembra muito a última exposição do meu tio... gosto dessa arte!
AMO!
beijos

Anônimo disse...

MEDO!

Pam Nogueira disse...

"Poderiam estar espalhados e sem vida sobre o chão, mas recebem uma falsa alma de estrutura artificial"
:|

Então, fui pra poa, sim! :D
Muito massa!
beijocas, Manú!

Manuela d`Eça Neves disse...

tá, tá, tem um "que" de sinistro, confesso... do começo ao fim, na estrutura e intenção da arte como um todo.
mas é justamente isso que torna interessante e autêntico, poxa!
a beleza e a graça, não estão só nas coisas alegres ou gritantemente bonitas.
o triste, solitário, sinistro... etc... também contém beleza.
:D