Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.
Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.
Nem Fausto nem Mefisto,
à deusa que se ri
deste nosso oaristo,
eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.
- Sonetilho do Falso Fernando Pessoa
Carlos Drummond de Andrade
In Claro Enigma, 1951.
Figura: Pessoa por Almada Negreiros
Um comentário:
Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.
:)
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