segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz Ano Novo!

Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é vôo de um pássaro
é uma canção.


Carlos D. de Andrade
(Dezembro de 1968)

sábado, 29 de dezembro de 2007

no batuque do coração do fotógrafo.



Fotografias por Gabriel Rinaldi.

Gabriel Rinaldi, pessoa especialíssima, florianopolitano apaixonado por esta ilhota, mora há algum tempo nos EUA, e formou-se em fotografia no primeiro semestre deste ano, pelo Rochester Institute Of Technology.

Outros trabalhos dele, podem ser vistos
AQUI, e eu recomendo um em especial, que eu tive oportunidade de ver de pertinho... chama-se: Portraits Of Carnival, realizado no carnaval passado, num trabalho bem bacana com a comunidade da escola de samba Consulado.

A primeira foto aqui publicada (minha favorita dentre as dele), foi feita no carnaval também, no Bloco de Sujos..... a propósito, uma dessas cabecinhas, deve ser a minha!
A segunda, é do trabalho com a Consulado, no ensaio oficial da escola, lá na Praça XV.

Outros links dele:

http://www.fotolog.com/gabrielrinaldi
http://www.phototrends.blogspot.com

Enjoy!!!

Bande dessinée!




P.S.: E se um dia (num futuro distante) eu tiver um filho... o universo, Deus, a mãe natureza, o espermatozóide vencedor ou sejá lá o que for, já sabem: favor providenciar-me uma criaturinha assim... "a la Calvin".

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

tarde demais, babe!



"....a sabedoria nos chega quando já não serve para nada."


Gabriel García Márquez,
in O Amor nos Tempos do Cólera.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

JINGLE BELL!!!




Eu não sei o que é pior... as mensagens tradicionalmente ternas (quase surreais) e natalinas ou o avesso das tradicionalmente natalinas cheias de rancor e anti-hipocrisia.


Eu fico com as tradicionalmente natalinas e irônicas.
Viva a ironia!!!


..................


Não gosto do Natal. Não chego a odiar mas não gosto. Nunca gostei. Desde pequeno, no interior. Papai Noel sempre me assustou. Gostava de preparar a árvore com dias de antecedência, apesar de não concordar em colocar algodão para "simbolizar" a neve. Gostava de imaginar os presentes. Aliás, não gosto nem de dar e nem de receber presentes em datas certas. O presente é bom quando você não espera. No aniversário, Natal, Dia da Criança, depois Dia dos Pais, acho um saco de Papai Noel. O presente, conforme a palavra em si se explica, é uma presença. Portanto, não pode ser datada. Não deve ser uma obrigatoriedade.


Além de não gostar do Natal, em alguns aspectos, ele chega a ser irritante: Em vários aspectos. Senão, vejamos:


— Quer coisa mais irritante durante o mês de dezembro do que ir a um barzinho ou restaurante, de noite, para tomar um chopinho e ter, ao seu lado, aos gritos, berros e urros, uma "festinha da firma", com risos histéricos, discursos profundos e etílicos do "chefe", gozações com a "gostosa" da firma e a indefectível troca de "amigos secretos?" Por que gritam tanto nas "festinhas da firma?" E quando você vai ao banheiro sempre tem um ou dois funcionários burocraticamente vomitando. Como se vomita no Natal! Principalmente os bancários.

— E o "amigo secreto" então? Já notaram que sempre sai para quem não é nem muito amigo e muito menos muito secreto? E você passa o mês inteiro tendo que imaginar o que vai dar praquele chato. Se o "amigo secreto" já é uma relação constrangedora na firma, em família então, nem se fala. Em primeiro lugar, porque dois ou três dias depois do "sorteio", todo mundo já sabe quem é o amigo de quem. Você já sabe pra quem vai dar e de quem vai receber. Essas informações sempre vazam no seio familiar. Sempre tem uma irmã que sabe de todos, ninguém sabe como. E você que torceu para não sair aquela prima fofoqueira, pois é justamente com ela que você vai se abraçar logo mais. E dizer todas aquelas frases. Todas, são insubstituíveis.

— E as propagandas de Natal? Existe coisa mais horrível que este bando de gordos com brancas barbas, puxados por veadinhos? A publicidade brasileira é uma das melhores do mundo, perdendo talvez apenas para a inglesa. Mas, chega o Natal, baixa o "espírito natalino" nos criadores das agências e dá no que dá. Eles não conseguem (há 1.994 anos) fazer um único anúncio sequer decente nessa época. São constrangedores, amadores, dignos de um Papai Noel de mentirinha. Tem uns, mais "criativos", que até neve têm, debaixo dos 40 graus de dezembro.

— E aqueles Papais Noéis que vão de casa em casa e os pais obrigam as criancinhas a dar beijo naquele sujeito imenso, barba descolada, sapatão de militar, já meio bêbado depois de passar em várias casas de amigos e parentes? As criancinhas esperneiam, não dormem semanas seguidas, sonhando com aquele monstro que o pai fez beijar. Meu Deus, é um outro pai que eu tenho?, devem pensar os pequenininhos da família. E o monstro ainda diz "coisas" para os indefesos, presos nos braços do pai ou da mãe, quiçá da avó: este ano, não vai fazer malcriação, vai comer toda a papinha, não vai mentir e nem fazer xixi na cama, viu, Rony? Coitados.

— Mas o pior mesmo é a ceia, propriamente dita. Com o passar dos anos, a família vai crescendo e de repente já são quatro gerações que estão ali, de olho no peru. Umas 50 pessoas. E ali dá de tudo. Cunhados que não se falam, a velhinha que não escuta os planos do asilo, o fulano que está falido, coitado, a prima que está dando para um sobrinho, aquele casal que está separado mas que, no Natal, baixa o "espírito" e eles comparecem juntos. Todo mundo sabe que se odeiam. Mas é Natal. Aquele tio que deve tanto para o seu irmão também está lá. Mas é Natal. E a irmã que não pagou a trombada que ela deu com o carro do tio-avô? Tudo é permitido. Afinal, é Natal. Nasceu quem mesmo? Jesus, não foi? E, por isso, à meia-noite, todos dão as mãos e rezam (des)unidos.

— E, para terminar: existe música mais chata que Jingle Bell?

Já o Reveillon, é o maior barato. É quando tomamos o porre para tirar e esquecer a ressaca do Natal. Mas não adianta. No ano que vem, tem outro Natal.

Jingle Bell Prá Vocês - Mário Prata.

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Texto extraído do livro "100 Crônicas", Cartaz Editorial - São Paulo, 1997. pág. 148

domingo, 23 de dezembro de 2007

Vontade de POESIA.


Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa

foto: Miguel Rita.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Esquece, escuta!

"Quanto mais esquecido de si mesmo está quem escuta, tanto mais fundo se grava nele a coisa escutada..."

Walter Benjamin

domingo, 16 de dezembro de 2007

PESCANDO OTIMISMO.



Conseguiste penetrar numa bola de cristal,
depois da catástrofe?
Miragens do inefável incêndio emudeceram nas lonjuras
e o trampolim das maravilhosas pinturas reais
estendeu uma mão acolhedora, singrada de preciosos anéis,
e um abraço encantado e santo.

E não irás mais amaldiçoar a Vida,
pois agora és um Mago.
A madeira ainda estala nos bosques da tua primeira bem-aventurança.
Nas manhãs não vai deixar de te sobreviver,
como numa primeira pronúncia,
o agora já sabido sopro singular.


Othon D`Eça Neves.
(mon frère)
http://www.kindertraum.blogspot.com
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Pintura de James Tissot - Le Printemps.

sábado, 15 de dezembro de 2007

R.I.P. "MOTIVAÇÃO".



A fabulosa arte de desistir...

Pessoas possuem uma incrível e lamentável capacidade de matar quem está ao redor... todas as pessoas, sem exceção. Mas algumas pessoas são realmente muito boas nisso, verdadeiras especialistas. Donas de um poder de aniqüilamento tão aguçado que toda vez em sua preseça (ou nem precisa que estejam presentes de corpo) é uma morte, no mínimo.
Há algum tempo, felizmente, entendi que o remédio é desistir...se deixar matar e aprender a ressuscitar depois.... a princípio parece mais difícil, mas no fundo é a melhor alternativa do ponto de vista de crescimento, muito melhor do que ir "sobrevivendo".

Eu "vivo morrendo", morro quase todo dia.
Com algumas pessoas eu chego a morrer de 10 em 10 minutos.

Ontem, eu morri mil vezes numa única e breve madrugada.
O que durante meses foi motivação e inspiração, virou suicídio em queda livre, do prédio mais alto que minha imaginação foi capaz de criar.... não quis esperar ser morta pela milésima primeira vez, matei-me de uma só vez....espatifei em pedaços, de peito e cara no chão, para não ter que continuar "sobrevivendo" a algo que na minha (sempre) tola ilusão, tinha um potencial enorme.

*Plaft!*


.....


[...]

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge...


Álvaro de Campos (Fernando Pessoa).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

"morgan" de toi!


Je viens du ciel et les étoiles entre elles ne parlent que de toi...

....................................

[...]

Amor é a grande desilusão de tudo mais.
Amor é finalmente a pobreza.
Amor é não ter inclusive amor...
É a desilusão do que se pensava que era amor.
Amor não é prêmio por isso não envaidece.

C. Lispector - A Legião Estrangeira.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

FATIGANTE!

Pro inferno os molengas, os invejosos, os inconvenietes, os limitados, os iludidos, os pobres de espírito e os covardes.... ah, os covardes, esses merecem mais que o inferno... merecem o céu LOTADO de crentes!!!!




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"eu só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder..."

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Paraíso das Águas.



Rio São Francisco - Alagoas.


Viagem que fiz com a minha irmã para Maceió, em janeiro de 2006.
O nordeste não tinha grande impacto, até que conheci a chamada de "Paraíso das Águas": Maceió.
Entendi logo o motivo do apelido e encantei-me por ela.
Dos oito dias de viagem, pelo menos quatro deles, foram dentro d`água...

O refrão da música que tocava por TODOS os cantos e que ficou grudado na cabeça durante toda a viagem dizia assim:

"Ai que saudade do céu, do sal, do sol de Maceió..."

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Saudade de Maceió, enfim...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Epístrofes aos montes!

Nessa madrugada, duas coisas:

1) Um poema do Drummond, que eu gosto muito (de tão lindo, chega a doer)... para ajudar a sossegar a cuca... (em seguida);

2) Um vasto "não saber" se posso/consigo/devo ou se adianta ser mais direta do que tenho sido!!!

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Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Amar - Carlos Drummond de Andrade.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

don't think twice.


"O passado passou para nós, mas não nós para o passado..."
Magnólia (O Filme), Paul Thomas Anderson, EUA - 1999.

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-> Secret Garden - Bruce Springsteen

AH, O ACASO...


Bref dans un acte où le hasard est en jeu, c`est toujours le hasard qui accomplit sa propre Idée en s`affirmant ou se niant. Devant son existence la négation et l`affirmation viennent échouer. Il contient l`Absurde - l`implique, mais à l`état latent et l`empêche d`exister: ce qui perment à l`Infinit d`être.

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Ao pé da letra é mais ou menos isso:


Breve, num ato onde o acaso está em jogo, é sempre o acaso que realiza a sua própria Idéia, afirmando-se ou negando-se. Frente a sua existência, a negação e a afirmação acabam de fracassar. Ele contém o Absurdo - implica-o, mas em estado latente e o impede de existir: o que permite ao infinito ser.

Igitur ou La Folie d`Elbehnon - Le Coup de Dés - Stéphane Mallarmé


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A primeira foto é da subida do morro da Lagoa... indo ao encontro do céu... no mirante, mais a frente (a segunda foto), numa "matada" de aula de Direito Civil, no dia 31/10, num daqueles urgentes momentos de "necessária solidão".

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Fast Car :: Tracy Chapman.